Rafaella Barros
Para muitos consumidores, ir a uma loja comprar um produto e lidar com
um vendedor tentando empurrar outro é irritante. O mesmo acontece nos bancos.
Ao entrar pela porta giratória de uma agência do Banco do Brasil (BB) há dois
anos, o servidor André Luís de Souza, de 59 anos, foi mais uma vítima da
armadilha das vendas casadas. Ele foi pedir um crédito, mas, além de pagar as
parcelas mensais do empréstimo, teve descontado de sua conta, durante 24 meses,
o valor de um seguro residencial:
— O seguro que me ofereceram era de um ano e, no total, custou R$ 350.
Isso que os bancos fazem é errado, porque é uma pressão indireta.
O designer José Luís Nadaes passou pela mesma situação. Quando abriu
sua conta corrente no Bradesco, foi informado de que teria que contratar um
seguro de vida:
— O funcionário disse que, para abrir a conta, eu precisaria pagar o
seguro.
Uma bancária da Caixa Econômica Federal, que pediu para não ser
identificada, contou que os funcionários são pressionados a oferecer serviços a
fim de cumprir metas:
— É uma ordem que vem de cima. Geralmente, são consórcios, títulos de
capitalização e seguros. Alguns bancários colocavam papéis de seguros entre os
de empréstimos e as pessoas assinavam sem saber.
Diretor de Autorregulação da Federação Brasileira dos Bancos
(Febraban), Gustavo Marrone diz que a venda casada é um ato abusivo, proibido
pelo Código de Defesa do Consumidor, e pode ser denunciada pelo 0800-772-8050.
— Criamos um sistema de autorregulação para proteger o cliente e
regulamentar a prática dos bancos. Aconselhamos o consumidor que se sentir
lesado a recorrer à Justiça e à própria entidade — disse.
A Caixa informou que "nenhum funcionário está orientado a
condicionar a realização de operação bancária à aquisição de produtos ou
serviços". O Bradesco afirmou que "essa não é uma prática do
banco". O Santander preferiu não se manifestar. O Banco do Brasil e o Itaú
não se pronunciaram."
Do Extra em:
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